Comemoração! 5 anos do projeto de Revalidação de Diplomas de Refugiados no Brasil – parte 1

O projeto de Revalidação de Diplomas do programa LAR (Levando Ajuda ao Refugiado) surgiu em 2016, fruto da parceria da Associação Compassiva e o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados). Visando intermediar o processo para o candidato, retirando dele o ônus burocrático e financeiro, isto é, reunindo toda a documentação necessária e arcando com os custos de taxa de revalidação de diploma e tradução juramentada de documentos, analisando suas grades curriculares dos conteúdos programáticos junto as universidades públicas do Brasil, a fim de encontrar a mais compatível à aplicação, acompanhando o processo e interpondo recursos, quando necessário, e a posterior inscrição no conselho regional da profissional (quando necessário).

Uma parte consideravelmente importante para a adaptação e integração dos solicitantes de refúgio e pessoas em situação de refúgio na sociedade brasileira é a sua inserção no mercado de trabalho. Em sua maioria, eles são profissionais que tiveram que abandonar seus empregos, estudos e negócios em pleno desenvolvimento para fugir de seus países de origem. Muitos ocupavam cargos de destaque e possuem vasta experiência em suas áreas de atuação, inclusive, com algum tipo de formação técnica ou universitária. Dessa forma, ao chegarem no Brasil, carregam a expectativa de darem continuidade às suas atividades profissionais ou, ao menos, recomeça-las na mesma área. No entanto, ao procurarem emprego em seus respectivos campos de atuação, esses imigrantes, além da questão do idioma, se deparam com as barreiras burocráticas que impedem que seus diplomas universitários sejam reconhecidos como válidos no Brasil e, consequentemente, de terem acesso a vagas compatíveis com seu perfil, formação e qualificação profissional.

A Compassiva percebeu a oportunidade em atuar nesta causa, atendendo aos refugiados árabes na cidade de São Paulo, pois um dos nossos alunos do curso de português, o Sr. Y.*, possuía formação em Engenharia Mecânica e mestrado em Radioatividade Nuclear, mas trabalhava em uma confecção de jeans no Brás, com uma remuneração de aproximadamente R$1.500 (mil e quinhentos reais) por mês, que era destinada para seu próprio sustento, além de auxiliar seus outros seis irmãos. Porém, se seu diploma fosse reconhecido no Brasil, ele poderia atuar em sua área profissional, recebendo um salário maior e auxiliando sua família neste difícil recomeço em solo estrangeiro. Assim, procuramos pelas universidades públicas na cidade de São Paulo e a universidade mais barata, há 5 anos atrás, tinha uma taxa inicial de R$1.530 (mil quinhentos e trinta reais), de acordo com curso equivalente ao de formação do Sr. Y, para dar entrada no processo de revalidação de seu diploma.

Um outro aluno da Compassiva, o Sr. K.*, formado em Ciências da Computação nos procurou para ajudarmos com a revalidação de seu diploma, e buscando atender esta nova solicitação, realizamos buscas em outras universidades, inclusive fora da cidade de São Paulo, e percebemos que no estado do Rio de Janeiro havia uma taxa consideravelmente menor, sendo de R$590 (quinhentos e noventa reais). Em cima das necessidades observadas e apresentadas pelos alunos atendidos pela Compassiva, que desenvolvemos o projeto de Revalidação de Diploma da Compassiva e apresentamos ao ACNUR em um processo seletivo de parceiros no final do ano de 2015. Fomos aprovados e a parceria entre Compassiva e ACNUR iniciou oficialmente em 2016, com a possibilidade de atender pessoas em situação de refúgio em todo o Brasil.

Neste ano (2021), o projeto completa 5 anos de existência! Durante todo esse período, iniciamos 454 processos, tendo 89 diplomas de graduação revalidados. Certamente, este projeto foi um marco importante na história da Compassiva e pode contribuir com muitas pessoas em todo o Brasil.

“Tudo começou com o intuito de ajudar aquele aluno de português; nunca imaginei que teria tamanho alcance e ajudaria centenas de pessoas em todo o Brasil. Sou muito grata a Compassiva, porque no intuito de ajudar eu encontrei minha vocação” complementa Camila Suemi Tardin, coordenadora do projeto de revalidação de diplomas da Compassiva.

Acompanhe as próximas matérias e saiba como este projeto se desenvolveu e tem, por meio das dificuldades, encontrado oportunidades de atuação.


*Os nomes são protegidos.

Leia a parte 2 desta história aqui!

Leia a parte 3 desta história aqui!

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