Quando a família cuida, apesar das adversidades | #ECA30ANOS

Há 30 anos, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), criado para proteger as crianças e adolescentes de violação de direitos, incluindo o trabalho infantil, visa a preservação desses jovens e a família também é parte fundamental no elo que colabora para o desenvolvimento pleno da infância e da juventude.

Os primeiros contatos e interações de um ser humano ocorrem no seio familiar, dando início ao seu desenvolvimento. Os responsáveis por uma criança têm o papel de fornecer a ela bases de seu comportamento, transmitir valores (sociais, religiosos, morais, entre outros) e devem contribuir com o senso de compreensão do mundo, além de se mostrar sensíveis às suas necessidades, fazendo com que a criança se sinta amada e protegida.

Segundo a pesquisa “Juventudes, Educação e Projeto de Vida”, realizada pela Fundação Roberto Marinho e Plano CDE, 64% dos jovens de classes C, D e E se inspiram para os sonhos em seus pais, mães e familiares. 

As referências das famílias também são importantes para os jovens construírem seus projetos de vida. O estudo aponta que 28% deles se sentem mais autoconfiantes, que sonham com os estudos se sentem muito capazes, e 31% são mais resignados.

O autor e roteirista Vinícius Perobeli, 27, cresceu na Zona Leste de São Paulo. Sua família é formada, basicamente, por mulheres. Ele foi criado por sua mãe, que sempre trabalhou em ambiente corporativo, e pela avó, costureira, e cresceu com cuidados também de sua madrinha e uma tia, as duas educadoras, e um tio – que ele acreditava, até seus 6 anos de idade, ser o seu pai.

No Brasil, o número de mães solo saltou de 10,5 milhões para 11,6 milhões no período de 2005 a 2015, segundo dados do IBGE.

Mesmo com a ausência paterna  e todas suas consequências, Vinícius sente-se grato pela família que tem: “Confesso que tive muitas dificuldades de adaptação social por, sem intenção, ser fora dos padrões de masculinidade, mas ao mesmo tempo cresci livre de ideias machistas ou de discriminação de gênero”.

Leia a história de Vinícius Perobeli.

A mãe da Deni Guimarães, 33, artista audiovisual e educadora, não podia engravidar, devido a um acidente. Com o tempo, ela conheceu mulheres que não queriam seus filhos. “Ela adotou meus dois irmãos, cada um de uma família diferente, e eu fui a última a integrar a família, 10 anos depois, quando meus pais já tinham em torno de 40 anos”, conta.

Deni afirma que a aprendeu com a sua mãe a não se importar tanto com o que as pessoas pensam sobre ela. “Por minha mãe ser branca e eu negra, em alguns momentos, as pessoas não associavam que ela era minha mãe, mas ela nunca se importou com o que os outros falavam e me ensinou a não ligar pra isso também”, conta.

Leia a história de Deni Guimarães.

Existem quase 34 mil crianças e adolescentes abrigadas em casas de acolhimento e instituições públicas por todo país, segundo dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Destas, 5.040 estão totalmente prontas para a adoção.

O Artigo 19 do ECA afirma que:

“Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes”.

Conheça a história do ECA:

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