O Guri Santa Marcelina – GSM, é um programa em execução na capital e regiões da Grande São Paulo, que tem como missão a educação musical e a inclusão sociocultural de crianças e adolescentes na faixa etária de 06 a 18 anos, bem como de suas famílias. Desde 2014, o polo Amácio Mazzaropi tem sido muito bem acolhido nas estruturas da Compassiva. Parceria esta, que vai longe e além…
Diante dos demais projetos e iniciativas musicais, vale destacar a perspectiva da educação musical no Guri, que é singular, quando parte da compreensão de que a música é um direito, tal qual deve ser a Educação e a Cultura.
Assim, desde o início, a metodologia de trabalho do Guri atua numa articulação entre o trabalho social e a educação musical, onde toda a dinâmica de trabalho (social e musical), trilha por caminhos do diálogo, do protagonismo e da proteção integral à criança e ao adolescente*.
Dentre essas ações, são realizadas por cada assistente social, atividades socioeducativas com crianças, adolescentes e as famílias; trabalho que busca contribuir e potencializar o desenvolvimento dos mesmos, por meio de oficinas e/ou rodas de conversa.
Em março, o tema abordado foi “Preconceito Linguístico”. A partir da canção ABC do sertão, de Luiz Gonzaga, a atividade propôs reflexões com a turma de Coral acerca do preconceito e o julgamento depreciativo contra as variedades linguísticas.
Com isso, o objetivo foi sensibilizar os participantes e apresentar a diversidade cultural e suas múltiplas formas de pronúncia. Além disso, abordou as tradições e as manifestações da cultura popular.
A atividade aconteceu com as turmas de coral, dos períodos da manhã e tarde. Em ambas, a discussão trouxe desdobramentos da história pessoal, envolvendo os fenômenos migratórios, a cultura de outras regiões do país e a fundação dos bairros, na busca de moradia na São Paulo do século 20.
As Rodas de Conversa são espaços na qual as crianças e adolescentes discutem seus dramas e medos, partilham de sonhos e expectativas, além de se fortalecerem enquanto grupo, na busca de soluções que afetam seu cotidiano e a identidade juvenil.
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*Basicamente, a doutrina jurídica da proteção integral permeia toda a proposta do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A partir dessa lei (8.069/90), toda criança e adolescente passa a ser sujeitos de direito. Com isso, são destinatários de prioridade absoluta, ou seja, é incumbência da família, do Estado e da sociedade em geral assegurar a proteção jurídico-social, respeitar a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, entre outras diretrizes. Ainda, ao Estado, vale mencionar, é seu dever promover ações com vistas ao bem comum, tais como creches, escolas, parques, assistência social e à saúde, serviços de cultura e lazer, o que chamamos de “Política Pública”. Por isso a importância da participação popular na definição dessas políticas, e do comprometimento em buscar a efetividade aos direitos da criança e do adolescente.
Vinnícius Almeida é assistente social no Guri Santa Marcelina.