Celebrar a vida de mulheres que geraram outras vidas. Celebrar a vida de mulheres que acolheram vidas geradas por outros ventres. Esse é o espírito deste dia: o Dia das Mães é dia para celebrar o dom da vida!
Para ambos os casos, o amor precisa ser uma decisão e não um mero sentimento. Amor em formato de entrega e doação diária em prol da criação e desenvolvimento de outro ser humano.
Por isso, a maternidade real não corresponde a uma vivência idealizada, romantizada. Na maternidade há beleza, contemplação e realização, sim, mas há também inúmeros desafios, questionamentos, incertezas e medos.
Porém, além dos desafios psicológicos e fisiológicos enfrentados pelas mães, há diversos desafios sociais que potencializam sua vulnerabilidade. Desafios que, infelizmente são impostos por uma sociedade injusta, desigual, que segrega, expulsa e mata.
Neste dia especial celebramos a vida de todas mães e lembramos daquelas que encontram-se em situação de vulnerabilidade social; de abandono, escassez, em meio a guerras e em busca de refúgio.
NO BRASIL
Uma breve linha do tempo sobre direitos das mulheres grávidas no Brasil, além de algumas tristes realidades enfrentadas por milhares de mães brasileiras:
1943 – O direito à licença-maternidade foi regulamentado no Brasil, por meio da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), inicialmente com direito a 84 dias.
1988 – Com a criação da Constituição Brasileira as mulheres passaram a ter garantia de estabilidade no emprego, antes e logo depois da gestação. Além de ter o período da licença maternidade ampliado de 84 para 120 dias.
1970 – Em 1978 morriam 26% das crianças com menos de 5 anos e 32% das crianças com menos de 1 ano.
1995 a 2015 – O número de lares brasileiros chefiados por mulheres passou de 23% para 40%. Nessas famílias, em apenas 34% há a presença do cônjuge.
2015 – As mulheres tinham em média 1,72 filhos e 6 anos de estudos, sendo que mesmo entre as mais pobres foi observada uma grande queda da taxa de fecundidade entre 2001 e 2015.
2020 – A cada mil meninas brasileiras, entre 15 e 19 anos, 53 delas tornam-se mães. No mundo, a média é de 41 meninas, entre mil. Enquanto na América Latina, 62 meninas a cada mil, tornam-se mães precocemente.
DADOS: Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Report Mães Reais/6510, UNFPA
NA SÍRIA
Há 11 anos em guerra, a Síria possui mais de 13 milhões de pessoas que fugiram do país ou estão deslocadas dentro do próprio país.
A grande maioria dessas pessoas buscaram refúgio nos países vizinhos, cerca de 5,7 milhões de pessoas, no qual a maioria vive na pobreza.
As perspectivas são terríveis para as mais vulneráveis, como mães solteiras, crianças que vivem sem cuidados e pessoas com deficiência. A situação é particularmente difícil no Líbano, onde mais de 90% dos sírios vivem em extrema pobreza, juntamente com um número crescente de pessoas das comunidades que os acolhem.
As crianças estão abandonando a escola para trabalhar. Os casamentos precoces estão em alta, especialmente entre as famílias mais pobres. As melhorias no acesso à educação e aos cuidados de saúde correm o risco de serem perdidas*.
Dentro do país, além das pessoas deslocadas internamente, cerca de 14,6 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária e outras formas de assistência.
Desde 2016, mais de 2 mil pessoas vieram da Síria para se refugiar no Brasil. Até 2018, a Síria ocupava a 1ª posição das nacionalidades de pessoas refugiadas em solo nacional. Porém, desde 2019, a Venezuela tem ocupado o 1º lugar, deixando a Síria em 2º lugar.
*trecho da matéria Onze anos depois, a Síria continua sendo a maior crise de deslocamento forçado do mundo, ACNUR: março de 2022
Dados: UNHCR, ACNUR
NA VENEZUELA
Estima-se que quase 3 milhões de pessoas nacionais da Venezuela se deslocaram, desde 2014, devido a crise econômica no país.
O Brasil acolhe a 5ª maior população de venezuelanos deslocados da América Latina. Hoje, cerca de 300 mil encontram-se em solo nacional, porém quase 700 mil já passaram pelo Brasil – de janeiro de 2017 a dezembro de 2021.
Segundo a Análise Conjunta de Necessidades de Refugiados e Migrantes da Venezuela no Brasil*, organizado pela Plataforma R4V, 51% desta população é mulher e 26% dos grupos familiares são compostos por 1 mulher grávida e/ou lactante. Além de 38%, do total das pessoas pesquisadas, ser composta por crianças e adolescentes.
*A pesquisa contou com 800 entrevistados, que se encontram em diferentes Estados brasileiros.
Dados: UNHCR, Plataforma R4V, OIM
NO AFEGANISTÃO
Com a retomada do Talibã no Afeganistão, cerca de 3,4 milhões de afegãos estão deslocados, devido ao conflito no país.
E estima-se que 68% das mulheres afegãs, refugiadas no Paquistão e Irã, fugiram com seus filhos ou outros dependentes, sem a presença de homens adultos.
Dados: UNHCR, UN Women, Women Count
NA UCRÂNIA
Desde o ataque militar da Rússia contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022, quase 5,7 milhões de ucranianos se refugiaram em outros países. Mulheres e meninas representam 90% do total dos deslocados da guerra, enquanto mais da metade corresponde somente a crianças e adolescentes.
Dados: UNHCR, Unicef, ONU Mulheres