Maternidade: Uma Construção de Amor Diária

Neste fim de semana, aqui na Compassiva, estamos celebrando as contribuições das mães que combinam trabalho, voluntariado e estudos com a maternidade para servir através dos nossos projetos. Estamos celebrando as mães no nosso bairro que trazem as suas crianças para os nossos projetos e que enfrentam diversos desafios na maternidade, muitas vezes morando em situações vulneráveis. E estamos celebrando as mães que nós podemos acompanhar pessoalmente através dos nossos diversos projetos para mulheres.

Neste dia das mães, temos o prazer de divulgar o lançamento do nosso projeto mais novo: Cordão de Afeto, que acompanha mulheres refugiadas gestantes enquanto elas se aproximam da maternidade.

Angélica, uma voluntária que tem servido na Compassiva desde março de 2016, decidiu usar suas habilidades como enfermeira para criar este projeto, e por isso completou um curso de doula.

Ela acompanha estas mulheres ao longo de quatro estágios: contato e recepção, suporte pré-parto, parto e pós-parto. Ela oferece suporte onde for preciso e solicitado, de acompanhamento em consultas a tirar dúvidas com o cuidado do bebê depois do nascimento.

A profissão de doula é reconhecida e promovida pela Organização Mundial da Saúde, e a sua influência positiva está documentada extensivamente. A presença da doula torna o processo gestacional mais positivo, diminuindo índices de cesáreas, a duração do parto, a necessidade de analgesia peridural e de uso do fórceps, para citar somente alguns exemplos.[1]

Entretanto, a profissão de doula ainda é relativamente desconhecida e incompreendida e, no estado de São Paulo, nem todos os hospitais permitem a presença de uma doula ou de um segundo acompanhante; atualmente, é permitido somente nos hospitais municipais. Isso faz do trabalho da doula com os maridos, auxiliando o seu entendimento e envolvimento, ainda mais importante.

“Uma doula dá suporte tanto físico quanto emocional durante o período gestacional, parto e pós-parto. Ela tira dúvidas, ela propõe alguns exercícios, algumas massagens, tudo que possa ajudar a gestante no processo de parto natural para que ela possa passar por esse período de uma forma mais consciente do corpo dela, sabendo que ela não está sozinha.”

Para as mulheres refugiadas atendidas pelo Cordão de Afeto, os desafios comuns da transição à maternidade são amplificados enquanto elas enfrentam também o desafio da transição à vida num novo país, com uma cultura e uma língua desconhecidas.

“Elas ficam muitas vezes desemparadas, sem entender o que está acontecendo. Essa questão de muitas delas estarem aqui sem o suporte familiar é uma coisa que elas enfrentam constantemente. É a questão de acolhimento, de estar com elas, de elas não se sentirem sozinhas neste momento especial na vida delas.”

Acompanhar estas mulheres nesta jornada à maternidade não é um presente somente para as mulheres atendidas, mas também para a Angélica, que tem o privilégio de presenciar um momento tão importante.

“É muito especial poder participar de um momento tão precioso e tão único na vida de uma família; poder estar com as mulheres, ter o prazer de ser convidada a estar com elas e acompanhar o nascimento do filho delas. Quando elas levam o bebê pra casa e falam que elas se sentiram acolhidas, que pra elas isso não tem preço, é muito legal.”

Neste Dia das Mães, Angélica, que está na expectativa, já que uma das mulheres que ela está acompanhando faz 40 semanas hoje, reflete sobre o significado da maternidade:

“É uma construção de um amor que começou com nove meses de gestação. É passar por um momento de decisão, passar por desafios durante o parto e passar por um amadurecimento pleno durante toda a criação pós-parto. Nada mais é do que uma construção de amor a cada dia.”

 

Saiba como você, também, pode apoiar: http://vaka.me//3zd19t
Cordão de Afeto nas redes sociais: https://fb.com/cordaodeafeto/

 


[1] <https://bebe.abril.com.br/gravidez/entenda-qual-e-o-papel-da-doula/>

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